Ainda lembro de um dia próximo do fim, quando os sentimentos ainda fervilhavam, que ao chegar em casa o vi da janela do ônibus. Na época achei tão roteirizado, tão clichê que fiquei abobalhada pelo momento.
Hoje, depois da euforia passar, das lembranças demorarem mais para aparecer, de músicas e livros não me lembrarem mais ele, o vejo onde menos esperaria ver. Aliás, eu nunca esperaria vê-lo. E aí que ele aparece, como da primeira vez, quando eu nem esperava mais.
O vento forte me bagunça o cabelo, e quando eu me viro o que eu vejo é ele. Três segundos de contato olho a olho. Talvez tenha pensado: "essa menina me é familiar". Não sei. Só o que eu pensei foi que eu estava na minha melhor forma, e mesmo assim isso não fez com que ele me olhasse uma segunda vez. Não o interessou me reconhecer.
Nem lembro se meu coração começou a pulsar. A sensação que eu tive foi como o do último beijo, com gosto de último, com gosto de acabou.
Eu ainda lembro dele com carinho as vezes. As músicas de fossa que antes me traziam lembranças nem fazem mais sentido de serem ouvidas, como se eu não me identificasse mais. Talvez isso seja seguir em frente, mesmo que tenha sido bastante tardio, apesar de sempre ter me sentido livre.
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