O celular vibra a acordando. Fica entre o sono e a ressaca que ainda está por vim. Depois de muito adiar, se levanta para enfrentar o dia que começou sem ela. Um encontro as escuras. Tenta disfarçar a cara de ontem com um pouco de corretivo e rímel. Salto, óculos escuros, está pronta pra outra.
Ele já a espera com cara de segundas intenções. E ela ainda atordoada pelo sono só pensava em voltar pra cama e recuperar o sono perdido. Porém se conectaram de alguma forma, e aquela vontade imensa de ir pra casa foi passando.
Se conheceram, ao menos o que permitiu aquela tarde de domingo. Ele tentando seduzí-la com palavras bonitas, enquanto ela esnobava todas as investidas dele. Foi ficando sem munição e decidiu entrar na dela. Pareciam velhos amigos, contando todas as coisas que não seriam apropriadas se quisesse conquistar alguém.
Ele ria, e não conseguia imaginar que não precisou usar sua lábia costumeira com aquela garota pequena e seus saltos que a primeira vista parecia exatamente como as outras. E conseguiu se encantar por ela ser tudo, menos a pessoa mais chata do mundo.
"Não parou com nenhum deles porque nenhum deles a fazia parar. Continuou correndo". BOVOLENTO, Daniel (2012).
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
quarta-feira, 30 de outubro de 2013
Quando eu deixei de ser pra você
Ainda lembro de um dia próximo do fim, quando os sentimentos ainda fervilhavam, que ao chegar em casa o vi da janela do ônibus. Na época achei tão roteirizado, tão clichê que fiquei abobalhada pelo momento.
Hoje, depois da euforia passar, das lembranças demorarem mais para aparecer, de músicas e livros não me lembrarem mais ele, o vejo onde menos esperaria ver. Aliás, eu nunca esperaria vê-lo. E aí que ele aparece, como da primeira vez, quando eu nem esperava mais.
O vento forte me bagunça o cabelo, e quando eu me viro o que eu vejo é ele. Três segundos de contato olho a olho. Talvez tenha pensado: "essa menina me é familiar". Não sei. Só o que eu pensei foi que eu estava na minha melhor forma, e mesmo assim isso não fez com que ele me olhasse uma segunda vez. Não o interessou me reconhecer.
Nem lembro se meu coração começou a pulsar. A sensação que eu tive foi como o do último beijo, com gosto de último, com gosto de acabou.
Eu ainda lembro dele com carinho as vezes. As músicas de fossa que antes me traziam lembranças nem fazem mais sentido de serem ouvidas, como se eu não me identificasse mais. Talvez isso seja seguir em frente, mesmo que tenha sido bastante tardio, apesar de sempre ter me sentido livre.
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